David Liesenberg

No final do século XV, por intervenção da rainha Dona Leonor, viúva do rei D. João II de Portugal, foi instituída a Irmandade de Invocação a Nossa Senhora da Misericórdia. O documento chamado Compromisso da Misericórdia de Lisboa contém regulamentos baseados na doutrina cristã, composto por 14 obras de misericórdia, sendo sete espirituais – ensinar os simples, dar bons conselhos, castigar os que erram, consolar os tristes, perdoar as ofensas, sofrer com paciência, orar pelos vivos e pelos mortos – e sete materiais – remir os cativos e visitar os presos, curar e assistir os doentes, vestir os nus, dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, dar pousada aos peregrinos, sepultar os mortos. A irmandade não precisava possuir uma instituição física para realizar essas obras, podendo se fazer cumprir nas ruas. A partir de 1498 dezenas de irmandades foram criadas em Portugal.

No Brasil, a​s​ primeira​s​ ​irmandades surgi​ram​ no período colonial, em 1539 na cidade de Olinda​ (PE)​ e em 1543 em Santos (SP)​. As santas casas seguiram, dentro do possível, obedecendo e disseminando o​ referido​ Compromisso da Misericórdia de Lisboa.

Se pudermos observar as 14 obras estabelecidas no documento, quando consideramos as obras materiais, as santas casas se destacaram essencialmente na assistência aos doentes. Esta parece ser a principal vocação das santas casas na atualidade.

A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Matão segue cuidando dos doentes, curando, sendo referência regional em alta complexidade.